Com a Palavra

Dica de docudrama: O dilema das redes

Por João Paulo Rocha dos Passos – Professor de Física e curioso sobre mil e umas outras coisas. (Departamento de Ciências Naturais e sou um dos líderes do Grupo de Pesquisa em Física e em Ensino de Física e Vice direção do Centro de Ciências Sociais e Educação da Universidade do Estado do Pará).

Como frases ditas por um dramaturgo grego, nascido em época anterior a Jesus Cristo, ainda podem ser tão atuais? Sófocles (497 ou 496 a.C. – 406 ou 405 a.C ) certa vez disse: “Nada grandioso entra na vida dos mortais sem uma maldição”. A descoberta de nós, meros mortais, talvez apenas inexperientes usuários de Internet, do quando podemos nos conectar com amigos e familiares através das redes sociais nos fascinou nos últimos anos. Fomos descobrindo que pessoas que não víamos fazia tempos poderiam trocar mensagens em tempo real conosco, que poderíamos trocar fotos e vídeos… fomos descobrindo que poderíamos nos conectar com pessoas que nunca conhecemos, que poderíamos curtir ou não o que elas curtem, segui-las ou não, comprar e vender de tudo um pouco…. Wow

Neste mundo, o virtual, o da Internet, existe a perspectiva que o volume de dados alcance a casa dos 40.000 Exabytes, ou 40 Zettabytes (ou 40 trilhões de Gigabytes). Tens ideia da quantidade de dados que é essa imensidão? Também não tenho não. Uma coisa sei, tu e eu estamos aí inseridos e pior, se antes éramos os compradores, hoje somos o produto. Oi? Virei o produto? Pois é. Viraste. E eu também. O produto para as redes sociais. Na tentativa de me proteger das estratégias dos desenvolvedores do Facebook, do WhatsApp, do Instagram, do Twitter e de outros, fui assistir o Dilema das Redes, docudrama da Netflix. Especialistas e profissionais da área de tecnologia nos mostram o impacto individual e coletivo que as redes sociais podem causar até mesmo na nossa democracia. Me dá uma vontade doida de te contar mais, mas prefiro que vejas com os teus olhos e que procures, em outras fontes também, te informar e te proteger das estratégias das redes sociais para te prenderem.Se cabe uma dica de um usuário que adora computadores e smartphones, bem como seus apps e tudo mais, vai nas configurações do teu smartphone e desmarca as notificações de boa parte dos apps. Não te livrarás da maldição, mas já te livrarás um tantinho das amarras.
Antes de terminar, listo abaixo bons textos sobre o docudrama citado e que me ajudaram a escrever este tiquinho aqui.
O Dilema das Redes – Crítica Por Tamy Simões em https://poltronanerd.com.br/site/critica/o-dilema-das-redes-critica-108211
Os 5 segredos dos donos de redes sociais para viciar e manipular, segundo o ‘Dilema das Redes’ por Ricardo Senra em https://www.bbc.com/portuguese/geral-54366416
O que faremos com os 40 trilhões de gigabytes de dados disponíveis em 2020? Por Thiago Ávila em https://www.ok.org.br/noticia/o-que-faremos-com-os-40-trilhoes-de-gigabytes-de-dados-disponiveis-em-2020/


DIOPHANTO DE ALEXANDRIA

Vamos recuar no tempo, lá pelos idos do século III A. D. Alguns historiadores colocam o matemático grego Diophantus de Alexandria vivendo entre 285 a 289. Diz a lenda em que na sua lápide foi escrita uma equação diofantina que resolvida no diz que ele viveu 84 anos.
Pois bem, Diophantus, o pai da Álgebra, nos legou um livro coleção de livros com problemas interessantes, chamado Arithmetica. Uma tradução latina desse livro entraria para a história dos grandes épicos da matemática. Vejamos um problema desse livro:
Determine um triângulo retângulo cuja área adicionada à hipotenusa seja um quadrado e
o perímetro seja igual a um cubo. (Diophantus, VI, 17) (BROWN, 1995) – Leia mais


Flávio Migliaccio: a eloquência de uma ausência

Prof. Dr. Elielson Figueiredo UEPA, Dr. Teoria Literária – UFPA, Docente do Departamento de Língua e Literatura (DLLT-UEPA), Membro dos grupos de pesquisa LAEPS (Linguagens Artísticas e Estilos Poéticos) e NARRARES (Estudos sobre Narrativas e Resistência).

ELES NÃO USAM BLACK-TIE GIANFRANCESCO GUARNIERI

Circula na internet um breve vídeo que Lima Duarte gravou em homenagem póstuma ao seu amigo e companheiro de aventuras, Flávio Migliaccio. Em seu depoimento, Lima faz uma citação da atmosfera política do país entre os anos de 1955 e 1970 para acentuar a trajetória de uma geração à qual, a julgar pela carta deixada pelo amigo antes de cometer suicídio, o Brasil não soube ser grato. Na carta lê-se o seguinte trecho: “tenho a impressão de que foram 85 anos jogados fora”. A carta e o vídeo expõem a fratura da consciência histórica brasileira, deixamos para trás um projeto de país e de sociedade que, pelos idos de 1955 e até um pouco antes, arrebatou jovens estudantes universitários e operários de São Paulo e Rio de Janeiro.

O Texto tem três atos e seis quadros igualmente distribuídos entre os atos. Numa favela carioca a vida miúda é movida pelos grandes imperativos políticos experimentados pelo pobre operário: a luta e a consciência de classe de um lado; o individualismo e a alienação de outro. O embate entre as duas concepções de mundo ocorre no íntimo de uma família do morro: pai e filho operários incorporam a divergência ideológica. Criado pelos padrinhos, fora do morro, Tião é movido pelo imediatismo individualista burguês, sua concepção de sucesso e felicidade estão geograficamente ligadas ao bairro do Flamengo e a uma casa de cômodos, seu projeto de vida é ascender a um cargo no escritório, viajar e poder sustentar uma família com mulher e filhos. Os conflitos surgem quando a fábrica onde trabalham Tião e o pai, Otávio, não reajusta os salários e os companheiros começam a articular uma greve. E agora? Seguir na luta ou cuidar dos próprios interesses declarando apoio ao patrão? Contudo, o mais revolucionário do texto não é sua temática, mas sua linguagem. A oralidade dá o tom da composição psicológica das personagens, seu universo afetivo como seu ethos são comunicados numa massa verbal melódica e familiar aos ouvidos do público. Trata-se de descobrir que não se pode afirmar nenhuma arte dramática brasileira negligenciando essa matéria linguística que, no fim de contas, é toda a matéria de que somos feitos. A persistência diária de Romana, a malandragem preguiçosa e oportunista de Chiquinho; a lucidez sindical de Bráulio, tudo isso comunicado como grito de um teatro que experimenta o timbre de sua voz. A expectativa daquela geração era que ouvíssemos sua voz até hoje e a entendêssemos muito bem. É disso e muito mais que Lima Duarte está falando em seu vídeo quando diz que o que ele e Migliaccio viveram, junto com toda aquela comunidade de jovens inquietos, foi uma grande aventura. Lima também fala do silêncio que eles não toleraram e da omissão desta geração que, Lima cita Bertold Brecht, lava as mãos numa bacia de sangue. Nossos velhos artistas esperam que suas aventuras não sejam esquecidas por nós, jovens operários, professores universitários, artistas, brasileiros de modo geral. Faremos dos nossos sonhos particulares algo mais urgente que o protesto pelo direito à vida? Sucumbiremos a uma lógica da indiferença genocida que tripudia da dor do povo brasileiro? Infelizmente, Migliaccio cansou de esperar pela nossa melhor resposta.


Dica cultural da professora de música da UEPA Jorgete Maria Portal

Um documentário autobiográfico sobre o papel que a palavra, a música e a imagem ocupam na obra de Arnaldo Antunes.

O documentário Com a Palavra (2018), de Marcelo Machado tem como objeto central o percurso artístico do artista Arnaldo Antunes que apresenta a palavra como seu tema para a criação artística. A palavra será o elemento constituinte para desenvolver a musicalidade concretizada na poesia e na canção, expressões artísticas preferidas pelo artista.
De acordo com a sinopse, o documentário apresenta os trabalhos de destaque na carreira de Arnaldo, ao longo dos anos, e a utilização da PALAVRA em diferentes suportes artísticos (música, vídeo, grafismo, fotografia, expressão corporal) alterando o seu significado. Eu recomendo o documentário pela possibilidade de conhecermos o processo criativo de Arnaldo Antunes e a concretização nas suas obras articulando diversos meios. Ademais, o documentário fornece possibilidades criativas na utilização de suportes disponíveis (vídeo, fotografia, música, grafismo etc.) para a produção de atividades expressivas em Arte. À produção artística se articula outros conteúdos de disciplinas afins para fins educativos estimulando a criatividade, principalmente de crianças, adolescentes e jovens. A partir da minha experiência como docente nas licenciaturas em Música, Letras, Pedagogia e História, com disciplinas que abordam temáticas sobre a Arte e Sociedade, convido docentes e discentes para que assistam ao documentário Com a Palavra sobre Arnaldo Antunes como forma de valorizar nossos artistas nacionais, nossa língua portuguesa e nossa arte brasileira.